quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Seco ou suave?

O olho
fechado,
a boca
aberta.

A dela
desfilando pelos cravos do meu rosto,
a minha
balbuciando penitências.

O escárnio dos seus dentes
se misturava ao vinho
que vazava dos meus poros.

Imersa nesse mar de deboche
estava a vontade
que já foi minha,
mãos-dadas com a consciência
numa luta para seguir.

Assim, me afogando no quarto,
resolvi beber um pouco de ti.
Mas sei que, não fosse o fermentado
e todo seu poder de transcender,
pediria para você ligar o rádio.


Lavoura Arcaica, Luiz Fernando Carvalho.

Um comentário:

Anônimo disse...

te resta a embriaguez de prazer, pois ela se entorpece na auto-comiseração... tão típica