segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Solitudine

Solidão não é algo a se pensar
no banco do fundo de um ônibus.

Ela é o nada presente em tudo,
a eterna companheira
de quem constrói o abandono.

É o estado natural e o final,
o previsível e nem por isso evitável,
a expansão de uma noite no hospital,
a condensação de todo detestável.

O melancólico de um filho que escapa,
o olhar refugiado em um beijo,
a marca de um violento tapa,
o exílio constante do desejo.

Solidão não é algo a se pensar
no banco do fundo de um ônibus.

Do casal apaixonado à direita,
qual partirá primeiro?
qual tomará o amargo café que é estar só?

Do ingênuo casal à esquerda,
qual trairá primeiro?
qual morrerá na ilusão de ter errado?

Solidão não é algo a se pensar
no banco do fundo de um ônibus
porque você pode não querer descer.

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