segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Dom Quixano

Somos todos cavaleiros andantes
construindo dulcinéias
e tentando tornar cada encontro
uma aventura inesquecível.

Somos todos solitários errantes
inventando epopéias
e montando destemidos burricos
rumo a castelos de palha.

Declaramos guerra ao real
e temos sede de admiração.
Criamos inimigos tão grandes
quanto a nossa vontade de fugir.

Enfrentamos demoníacos dragões
com viseiras de papelão.
Bebericamos do delírio
para escapar do presente vulgar.

Derrotamos valorosos gigantes,
salvamos nobres donzelas.
A lua anuncia o fim da jornada
e na volta para casa
só algo ainda nos acompanha:
nossa capacidade de sonhar.

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