terça-feira, 11 de novembro de 2008

Vivre sa vie

Desfolhando meus poemas,
uma amiga me disse
que faltava um de amor.

Eu falei que precisava
ter os sentidos submersos
na poesia louca de Godard;
ser metralhado
pela melancolia parisiense;
travar conversa
com o silêncio falante.

Precisava filosofar
nos cafés da dúvida;
sorver o enigma
da felicidade triste;
e me libertar
com as mãos que correm
pelos bulevares do meu corpo.

Tá, não disse isso tudo.
Argumentei apenas
que precisava te ver,
minha Anna Karina.
Ser morto por ti/contigo
e começar
a viver a vida.


Anna Karina em Vivre sa vie, 1962, Godard.

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